
Cada vez mais a ciência por meio da física e a tecnologia se fundem de certa forma se complementando em suas descobertas, neste caso que abordaremos graças a um avanço significativo na física quântica. Tradicionalmente conhecidos como pequenas partículas de carga negativa, os elétrons possuem também uma natureza ondulatória, permitindo-lhes assumir formas complexas no mundo quântico.
Até agora, essa geometria era apenas teórica, mas cientistas do MIT conseguiram medir pela primeira vez a forma real dos elétrons em um sólido.
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Publicada na Nature Physics, essa descoberta pode revolucionar nossa compreensão da matéria e abrir novas fronteiras na computação quântica e na eletrônica avançada. Por décadas, cientistas focaram-se na energia e velocidade dos elétrons, enquanto sua estrutura geométrica permanecia um mistério — até agora.
Os elétrons não apenas se comportam como partículas, mas também como ondas, descritas por funções matemáticas chamadas funções de onda. Essas funções podem assumir formas inesperadas em espaços multidimensionais, influenciando como os elétrons interagem entre si e com o ambiente ao seu redor. Liderada pelo físico Riccardo Comin, a equipe do MIT utilizou uma técnica avançada chamada espectroscopia de fotoemissão de resolução angular (ARPES) para medir diretamente essas formas. Esse método tira "fotografias" do material e analisa os elétrons ejetados, permitindo a reconstrução de sua estrutura quântica. "Basicamente, desenvolvemos uma maneira de obter informações completamente novas que não podiam ser obtidas antes", explicou Comin ao Earth.com.
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A geometria quântica desempenha um papel crucial na forma como os elétrons interagem dentro dos materiais |
Para realizar o experimento, os pesquisadores estudaram os metais Kagome, conhecidos por sua estrutura atômica em forma de triângulos entrelaçados. Essa geometria única afeta o movimento dos elétrons no material e resulta em fenômenos quânticos excepcionais, como supercondutividade avançada e pareamento de elétrons em padrões sincronizados.
Ao estudar esses materiais, a equipe de Comin conseguiu observar diretamente como a geometria das funções de onda influencia o comportamento dos elétrons. Essa medição crucial confirma previsões teóricas de longa data e abre novos caminhos para manipular materiais no nível quântico.
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A importância da forma dos elétrons vai além de uma simples curiosidade científica. A geometria quântica desempenha um papel crucial na forma como os elétrons interagem dentro dos materiais, o que pode levar a propriedades exóticas, como a supercondutividade, onde os elétrons se movem sem resistência. Essa descoberta tem implicações diretas em várias áreas tecnológicas:
- **Computação quântica**: A estabilidade dos estados eletrônicos é fundamental para o desenvolvimento de qubits mais eficientes.
- **Eficiência energética**: Materiais com geometrias eletrônicas otimizadas podem reduzir a perda de energia na forma de calor.
- **Sensores quânticos e telecomunicações**: Um melhor controle da geometria eletrônica pode melhorar dispositivos de medição ultraprecisos.
De acordo com o Departamento de Energia dos EUA, essa descoberta pode contribuir para o desenvolvimento de materiais quânticos com aplicações em computação, eletrônica e armazenamento de energia.
O uso do ARPES foi essencial para essa descoberta. Essa técnica permite "fotografar" a estrutura quântica dos elétrons dentro de um material, analisando os elétrons ejetados e reconstruindo seu movimento e forma com precisão. No entanto, essa técnica enfrenta desafios:
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- **Interpretação de dados**: Os dados são complexos e exigem modelos matemáticos avançados para serem compreendidos.
- **Colaboração multidisciplinar**: Requer a combinação de física teórica, nanotecnologia e materiais avançados.
Esse avanço notável marca o início de uma nova era na física quântica, trazendo à luz aspectos fundamentais da estrutura dos elétrons e seu impacto potencial em tecnologias futuras.